sábado, 1 de maio de 2010

Tom e Jerry


E uma pitada de humor...

Já ouviu falar do cara comum? Jerry é o próprio. Ocupa a mais baixa posição na “cadeia de trabalho”. Sendo um tipo de pau-para-toda-obra, sequer consegue descrever com precisão as características de sua atividade profissional. Sua chefe, Dra. Murphy, é o próprio demônio em saltos altos (os quais usa para compensar sua pequenez em todo o resto). Mas o que seria uma regra sem exceções? Como poderia haver uma pessoa ordinária sem suas peculiaridades? Jerry as tem: ama seu gato, Tom, sobre todas as coisas, um amor seguido de perto por seu vício por simples pão com manteiga.

Junto com a total inépcia para acordar cedo, essa tríade (Murphy, Tom e vício por pão com manteiga) colocou nosso herói do dia-a-dia em maus lençóis uma vez. A confusão começava com o habitual passeio noturno de Tom pela vizinhança. Sempre que chegava, suas patas eram só imundície. Em poucos minutos, a cozinha estava toda enlameada. E como sujeira gera mais sujeira exponencialmente, Jerry tinha que limpar as pegadas de Tom antes de sair para o trabalho. De outro modo, a cozinha seria um verdadeiro pesadelo ao fim do dia. No entanto, como o pobre rapaz já houvera acordado tarde, não tinha muito tempo para a arrumação. Desajeitado, sempre derrubava o pão com manteiga, cuidadosamente preparado antes de dormir, que invariavelmente caía com o lado da manteiga voltado para o chão. O resultado não podia ser outro: Jerry chegava atrasado no trabalho, sem satisfazer seu vício e tendo de aguentar um longo sermão da Dra. Murphy.

Essa bagunça era muito frequente. Um dia, a Dra. Murphy decidiu que era o bastante e deu ao subalterno três chances: o terceiro dia em que chegasse atrasado seria o de sua demissão. Assim, Jerry tinha mais ou menos três dias para arranjar uma solução para um problema com o qual convivia por pelo menos dois anos. Extremamente compenetrado com os fatores envolvidos, percebeu que ficou obrigado a fazer algo por decisão da Dra. Murphy. Era como se fosse uma lei de Murphy. Mmmmmm... veio o mugido da sabedoria: essa é a mesma lei que determina que o pão sempre caia com o lado da manteiga voltado para o chão! Na seqüência, lembrou-se de ter visto os levados moleques da vizinhança “brincando” com Tom. As espirituosas crianças atiravam o bichano para cima de todas as formas imagináveis, mas ele sempre caía em pé. Pronto! A solução para o problema de Jerry era agora uma simples questão de física.

Jerry passou a noite na companhia do amado Tom fazendo experimentos com pães de diferentes tamanhos e distintas quantidades de manteiga. O rito consistia em passar a manteiga sobre o pão, anotar as quantias envolvidas e amarrar o lanche nas costas de Tom. A seguir, suspendia o felino a meio metro do chão. As leis da natureza não mudam porque assim é nossa vontade. Após soltar o gato, a face do pão em que havia manteiga inexoravelmente puxava o “sistema” para baixo. No entanto, as patas de Tom imediatamente faziam o esforço contrário. Quando as devidas medidas foram atingidas, o pequeno físico conseguiu o equilíbrio desejado. Seu grande companheiro agora poderia flutuar girando em torno de seu próprio eixo. Assim podia realizar seus passeios noturnos sem sujar suas patas. No início da manhã, não havia nada para limpar. Bastava desamarrar o pão das costas do gato e comê-lo calmamente antes de ir para o trabalho. Jerry ficou tranquilo por duas ou três semanas, quando a Dra. Murphy encontrou outra coisa para perturbar seu subordinado. Mas ele já não se importa. Uma vez na vida conseguiu resolver um grande problema de forma simples e brilhante. Isso lhe serviu de inspiração para o resto da vida.




Acima: o pão com manteiga e Tom em um espaço cartesiano tridimensional; Abaixo: Tom girando em torno de seu próprio eixo em um espaço cartesiano tridimensional.